segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Opinião: Base de Jerônimo vê definição da estratégia em Salvador empurrada com a barriga

                                                                                    



Era final de setembro quando começaram a circular os rumores de que o vice-governador Geraldo Jr. (MDB) teria obtido o aval dos cardeais Jaques Wagner e Rui Costa para ser candidato a prefeito de Salvador e que caberia ao governador Jerônimo Rodrigues anunciar. De lá pra cá, o grupo político só não rachou porque há muitos interesses em jogo, mas o nome do emedebista quase subiu no telhado. E, até aqui, não há um prazo para definir como a oposição vai entrar na disputa pela capital baiana no próximo ano.

 

No PT, há quem defenda ferrenhamente o nome de Robinson Almeida como candidato único do grupo. Apostam no número do partido e na associação com Lula para, se não vencer a disputa pela prefeitura, conseguir manter a bancada de vereadores. É difícil, inclusive, achar um petista que tente argumentar que é melhor para a oposição apostar em um nome como Geraldo Jr. para representá-los em Salvador. No máximo, negociar com o PCdoB ou o PSB para que a esquerda ainda se sinta presente nas urnas.

 

Há tempo suficiente se espera que Jerônimo tome as rédeas desse debate não apenas nos bastidores, mas também publicamente. De semana em semana, o governador empurra com a barriga e, a cada questionamento, adia qualquer anúncio ou entendimento. Os impacientes já ironizam e brincam que o candidato será apresentado após o Carnaval, quando o ano político começa formalmente na Bahia. Onze em cada 10 personagens ouvidos avaliam que, dificilmente, essa decisão sai antes do final de 2023, então se percebe o otimismo do entorno.

 

Robinson é um candidato pesado e, até quem está lado a lado com ele, admite que dificilmente ele emplacaria com competitividade. O grande trunfo dele é ser o único nome que o PT efetivamente colocou para o debate. E, convenhamos, o PT é o único com musculatura suficiente para “bancar” e fazer com que os aliados engulam a seco essa “imposição” democrática. Foi assim em outras oportunidades e pode ser assim outra vez.

 

Um aliado de primeira hora de Robinson garante que não haverá recuo e que a candidatura dele vai até o fim. Essas vozes tentam ecoar o que aconteceu com Jerônimo, que venceu mesmo sendo apresentado em março do ano eleitoral e sem ter sido testado nas urnas. Quase que acreditar que um raio cai duas vezes num único lugar - e na sequência.

 

Esses argumentos emparedam Geraldo Jr., que teria que lutar não apenas contra Bruno Reis e a máquina da prefeitura, mas também com o fogo amigo - que dispõe de armas tanto quanto os adversários contra ele. Como parte dos petistas entende que a sigla pode atingir a mesma marca de Jerônimo na capital em 2022, cerca de 35%, o emedebista não estaria lá muito próximo de ameaçar superar a candidatura petista.

 

São essas falas que tentam se sobrepujar às demais para garantir o PT e só ele à frente da chapa majoritária na capital baiana. “Se fosse Geraldo Jr. o nome a ser apresentado pelo governador, isso já teria sido feito”, asseguram esses interlocutores. Faz sentido. E Jerônimo dá todos os sinais de que eles estão certos. Só não sabemos até quando o comandante desse navio deixará o timão tão solto.

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