O tensão interna no PL pode causar a saída de seus quadros. O primeiro grande nome que pode deixar o partido é o da ex-candidata ao Senado em 2022, Dra Raíssa Soares. Com público focado majoritariamente no extremo sul da Bahia, mais precisamente em Porto Seguro, Raíssa pode estar de malas prontas, com duas possibilidades de destino: Republicanos ou Novo.
O ápice se deu com a declaração dada a uma rádio local onde confirma o desejo de disputar um cargo eletivo. "Em 2026 penso em me lançar como deputada federal. Confesso que é um projeto pessoal e não sei por qual partido", disse, ao deixar em aberto a legenda. A ex-candidata ainda apelou ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. "Queria pedir para o senhor um vídeo me 'abençoando' para eu ir para outro partido e para saberem que eu continuo sendo fiel a sua pessoa, ao seu trabalho e ao seu projeto. Vou migrar para outro partido e fazer minha trajetória para deputada federal em 2026 representando o grupo bolsonarista em outro partido. Só saio com seu vídeo, caso contrário vão querer construir narrativas dizendo que eu trai", completou.
De acordo com lideranças ligadas à ex-candidata, a médica de formação possui 50 vereadores com possibilidade de eleição neste pleito, além de três prefeitos e vices que passaram pela articulação. Com isso a decisão da saída do partido deve ser tomada somente após as eleições municipais, que também devem sofrer com mais um ingrediente: a migração de outras lideranças do PL.
Sem entrar em contato com o presidente nacional do partido Valdemar Costa Neto, Raíssa teria antecipado a saída de nomes ligados a ela do partido, antes mesmo do pleito deste ano. Interlocutores da legenda indicaram ao Bahia Notícias que os nomes vinculados a Raíssa lideranças dela foram todas ou para o Novo ou para o Republicanos. "O PL da Bahia não aceitou, [que as lideranças] comandassem os diretórios nas cidades", indicou uma fonte buscada pela reportagem.
Um dos principais exemplos citados é a cidade de Vitória da Conquista, onde Raíssa alocou os apoiadores dela, em quase sua totalidade, no Republicanos. A "rejeição" interna do PL, atribuída diretamente ao presidente estadual da legenda, o ex-ministro João Roma, também afetou o partido do candidato a vice na cidade, já que médico ortopedista Aloísio Alan, foi filiado, justamente, no Republicanos por conta do embate interno. O evento de filiação do candidato ao lado da atual prefeita, Sheila Lemos, contou com a presença e articulação de Raíssa também filiou a esposa de Alan, Dra. Lara.
Apesar do aceno para "aguardar mais", a insatisfação de Raíssa é notória. Diversos interlocutores sinalizaram que Raíssa teve "todas as lideranças dela não sendo aceitas no PL". A queixa se amplia com a disponibilização de diretórios municipais, para a inclusão de representantes ligados a Raíssa, que também não teria sido ajustado nenhum deles. A "pedida" de Raíssa teria girado em torno de 25 diretórios espalhados pela Bahia, sem ter seu desejo contemplado na totalidade.
A discórdia no PL teria motivo: alianças com legendas de esquerda. Raíssa também não se furtou de cutucar a condução da legenda. "Presidente Bolsonaro, o PL Bahia é um partido de esquerda. Tenho certeza que o senhor não tem conhecimento porque não deixam chegar. O PL fez alianças com siglas de esquerda e isso foi permitido. Se estava pagando dividas de campanhas de 2022 eu desconheço, mas há suspeita. Não sou de esquerda e sou uma pessoa que tenho admiração ao seu trabalho", disse Raissa.
EMBATE POR PRESIDÊNCIA
O ex-ministro da Cidadania João Roma tem comandando o futuro da legenda desde que deixou a Esplanada. Apesar disso, a gestão de Roma tem sofrido com alguns "petardos" de aliados, que buscam alterar o panorama do partido no estado.
Informações que chegaram ao Bahia Notícias e já foram publicadas, através de interlocutores do partido, dão conta que a legenda estaria "dividida". A disputa interna estaria contrapondo João Roma e o atual deputado federal Capitão Alden. Em busca de chegar à presidência da legenda, o parlamentar estaria tentando "minar" a relação de Roma com a cúpula bolsonarista, através de lideranças fora do estado.
Um dos questionamentos que Roma estaria enfrentando seria o de uma eventual "ausência de alinhamento" com as pautas bolsonaristas. Outra liderança da legenda apontou que o discurso seria de que Roma não seria "100% bolsonarista", conduzindo o partido de uma forma distinta das pretensões do grupo ligado a Alden. Com a "divisão velada", o PL teria dois setores, com um deles ligados ao deputado federal, recebendo endosso do deputado estadual Diego Castro e da ex-candidata ao Senado Raíssa Soares. Já o outro grupo, ligado ao atual presidente estadual, ainda conta com o apoio da esposa, a deputada federal Roberta Roma e o deputado estadual Leandro de Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário