Por Osvaldo Lyra
Colaboraram: Rodrigo Daniel Silva e Guilherme Reis
Pré-candidato ao governo da Bahia pelo MDB, o ex-ministro da Integração Nacional, João Santana, voltou a defender o seu partido, apesar da crise que vive na Bahia após a Polícia Federal encontrar R$ 51 milhões em um apartamento ligado ao ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e o seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima. “Há determinados partidos que precisam de muito dinheiro para uma campanha, outros de muito poder, o MDB vai com a militância e as propostas. Se o povo quiser candidato e partido que não tergiversam eticamente, está na hora de escolher o MDB”, afirmou o ex-ministro, em entrevista exclusiva à Tribuna. Ainda na conversa, João Santana falou sobre a estratégia de sua agremiação para a corrida eleitoral. Mostrou-se contra uma coligação com os demais partidos de oposição e apostou que a bancada da sigla vai voltar a ter força nos Legislativo. Defendeu, ainda, o governo do presidente Michel Temer (MDB). “Tenho absoluta convicção que precisávamos dar uma medalha de honra ao mérito a este homem, porque ele assumiu um governo destroçado. A economia nunca esteve tão destroçada. Vem tomando medidas impopulares para resolver os problemas do Brasil”, acrescentou.
Tribuna – Aliados atribuem ao deputado federal Lúcio Vieira Lima a desistência de ACM Neto de disputar o governo da Bahia. Como o senhor o observou essa decisão do prefeito?
João Santana – Em primeiro lugar, eu acho que só incorporando o espírito de Madame Beatriz para chegar à conclusão sobre a desistência dele, porque os motivos apresentados não convencem. Em segundo, a pré-campanha estava polarizada entre ele e o governador Rui Costa. Obviamente, se ele era o provável agregador de toda a oposição, criou problemas sérios para muita gente. Só não criou para o MDB, porque a gente tem vida própria.
Tribuna – Como o senhor avalia as pré-candidaturas de José Ronaldo e João Gualberto, do DEM e do PSDB, respectivamente?
João Santana – Eu tenho o maior respeito pelas pessoas. Então, acredito que se os partidos resolveram apontar candidatos é porque eles devem ter valor, pelo menos, diante dos partidos. Prefiro não entrar em detalhes, porque não vou fazer juízo de valor de concorrentes. Eu acho que não é ético.
Tribuna – Existe alguma possibilidade de a oposição compor e sair unida? Ou MDB vai sair sozinho?
João Santana – Depois da saída da cena do ACM Neto, surgiram três candidaturas: a do MDB, do PSDB e do DEM. Todos os três são considerados por mim e pela comunidade baiana como noviços. Então, eu acho que não há como se falar agora [de unidade]. Não vou acreditar que um deles ache que eu sou potencialmente inferior a eles. Nem eu também ache que eles são potencialmente superiores a mim. Agora, não há como fazer nenhuma conversa. Cada um que apresente suas propostas, a vida política, comportamento social e conhecimento da realidade da Bahia para que o eleitorado julgue. Do jeito que as coisas estão sendo colocadas, tem alguns políticos que parecem que não querem a coligação. Eu, particularmente, acho que essa altura a coligação seria muito ruim.
Tribuna – A estratégia do MDB é não se unir para tentar provocar um segundo turno?
João Santana – Entenda bem. A gente não tem como estratégia não nos unirmos. Nós queremos dizer que estamos preparados. Nós temos uma militância que nenhum partido tem na Bahia. O nosso partido tem uma militância história. Ninguém pode esquecer que lutamos contra a Ditadura. Sempre estivemos do lado do mais fraco. É um partido que agrega pessoas das mais diversas tendências ideológicas e filosóficas. Entretanto, politicamente é um partido que se define como um partido de centro-esquerda. Quem tentar fazer o nosso partido de direita ou de esquerda, está errado. Nós somos a média do partido. Aqui no MDB todo mundo conversa, e coletivamente e democraticamente se chega a uma conclusão. Aqui quando alguém está mandando é porque o coletivo concordou. Aqui no MDB, nos últimos anos, tivemos Rui Bacelar, Pedro Irujo, Nilo Coelho, Geddel como comandantes, mas foram porque nós queríamos que eles fossem. Na medida em que eles realizaram as coisas que ansiosamente eram desejadas por nós. No momento, eu sou o presidente do partido com concordância da Executiva e da militância. Já consegui falar com 25 prefeitos nossos que estão rigorosamente conosco. Todas as pessoas ligadas ao MDB que tenho falado têm prestado imensa solidariedade. Algumas felizes porque acham que sou um bom candidato. Nós temos estrutura para continuar na campanha. Há determinados partidos que precisam de muito dinheiro para uma campanha, outros de muito poder, o MDB vai com a militância e as propostas. Se o povo quiser candidato e partido que não tergiversam eticamente, está na hora de escolher o MDB.